Ensaios e Notas é um espaço direcionado à reflexões de estudos musicais que compartilhará as opiniões, críticas e ideias de André Vicentin. Como ponto fundamental, a problematização de assuntos teórico-práticos, de harmonia e escalas que, propositalmente, convidará leitores e leitoras a exposição e compartilhamento de experiências em vias de um conhecimento plural ressignificado, auxiliando novas práticas musicais.
terça-feira, 31 de outubro de 2023
Modos Gregorianos - uma introdução (parte 1)
sábado, 28 de outubro de 2023
Top 20 Guitarristas e 60 segundos: uma ideia.
Quem espontaneamente encararia expor suas referências musicais? Qualquer musicista que minimamente pressentiu estar diante de algo incrível e ter certeza do quanto avançou em apropriar-se disso. Assim, tal exposição torna-se até fácil.
A série "Top 20 guitarristas em 60 segundos" nasceu, talvez, deste sentimento. Esta foi, certamente a base. Da necessidade em ingressar nas redes sociais, com assunto contínuo que contemplasse às exigências impostas pelas próprias redes, foram também fatores decisivos.
Vinte guitarristas reduzidos à 60 segundos cada! Como selecionar? Como organizar? O que tocar? As respostas estavam bem ali, no inconsciente, bastava relembrar. Mas tantos estilos tão importantes! Jazz, Bossa, Mpb, Flamenco e Erudito... A primeira escolha fora pelo rock. Talvez por ter sido o primeiro. Imaginem refazer algo de sua adolescência ou inicio da idade adulta profissional, sabendo que aquilo sempre foi especial? É como jogar futebol para aqueles que sempre treinaram e tiveram proposições sérias. Com a arte, ainda sim, é diferente. Naquilo que a envolve. Não apenas à questões de inclinação pessoal, o que é compreensivo na escolha profissional, ganhos materiais e satisfação de se fazer o que gosta. Nas artes, não é só isso. Se por um lado os esportes exigem essencialmente a disputa, as artes sugerem o compartilhamento. Há uma complexidade inerente no fazer artístico que é intransferível. Aspectos quanto a linguagem, expressões, formas e atributos levam à vetores sociais quase sempre bem definidos e findados em si (daí a importância na imersão de múltiplas culturas, estratificando e qualificando os aprendizados). Os musicistas se moldam inclusive a isso, desde o início.
A segunda escolha foi pelo formato. Tinha de ser algo minimamente chamativo. E rápido. Então: 60 segundos! Uma série de desafios já se mostraram, somente com isso. Tons de músicas, afinações diferentes, drop's cada vez mais presentes para simular graves das guitarras de 7 ou 8 cordas. E tempos, andamentos como relógio, mas diferentes entre si. Então, as emendas ficaram a cargo dos pujantes e conhecidos temas e/ou motivos melódicos incontestáveis. Sim, no rock, é possível falar nesses termos devido ao seu estilo bem definido. Enfim, a escolha dos 20 guitarristas. A seleção se deu pelo envolvimento daqueles que mais me influenciaram. Há muito mais do que 20. Poderiam ser facilmente o dobro. O que leva a projeção de novos trabalhos, afinal, há sempre o que tocar, os musicistas sabem.
Somam as experiências técnicas de gravações e filmagens, tudo muito novo. Sem contar com o próprio trato online. Cada app, uma "realidade alternativa" capaz de ditar as regras desse novo mundo. Um mundo novo que exponencia, antes dezenas, agora centenas de milhares de pessoas em engajamento àqueles únicos 60 segundos de um vídeo já registrados. Não precisa repetir. Quem dirá 20 vídeos diferentes. A sensação é de um primeiro acerto. Certo de que o assunto proposto é mesmo algo incrível, compartilhável, agora, para fora do meu inconsciente.
Acesse Playlist's:
quinta-feira, 25 de maio de 2023
Ensaio com Prosa: como montar um Campo Harmônico. Uma Introdução.
Se há uma escala heptatônica, haverá certamente um Campo Harmônico. As escalas de 7 notas, por causa de sua estrutura, são asseguradas tal possibilidade. De tríades às tétrades, podemos ter sua formação harmônica, reconhecendo-a, dentre seus graus, todo seu complexo sonoro.
É importante tal visão aqui porque, diante das 70 escalas exóticas e
populares que estarão disponibilizadas no canal de André Vicentin - @andrevicentin_oficial (link abaixo)- no YouTube, o objeto de estudo será o reconhecimento de seu complexo
sonoro: melodia e harmonia na sua forma particular, intransferível e única.
Sim, cada escala possui sua especificidade, daí a investida em organizar cada
uma dessas escalas com seu Campo Harmônico. O que se tem com isso? No que isso
poderá ajudar? Seguramente, um norte com possibilidades de aplicação
mais assertivas.
Como se faz isso então? Como se monta um Campo Harmônico?
A forma de se construir um Campo Harmônico é sempre a mesma: a partir de cada grau da escala, monta-se um acorde correspondente em intervalos de 3°. Fica mais fácil se olharmos para a pauta musical. Se a fundamental do acorde estiver numa linha, as demais notas desse acorde também estarão representadas nas linhas. O mesmo ocorre para as notas nos espaços. Se a fundamental estiver num espaço, as demais também estarão.
São sempre: T(tônica), 3ª(terça) e 5ª(quinta) para tríades e T, 3ª, 5ª e 7ª(sétima) para tétrades (como formação básica). Se iniciarmos o acorde em Dó, sua arquitetura harmônica será Mi, Sol e Si (se, como exemplo, Dó3 "Central" na clave de Sol, todas as notas ficam nas linhas). Se iniciarmos em Ré (na mesma referência do exemplo anterior) as notas ficarão todas no espaço, portanto Fá, Lá e Dó.
Mas não é só distribuir as notas. Há algo a mais: a classificação dos
intervalos. Como ficam? Convido você leitor a visitar outro artigo, em outro Ensaio com Prosa, no qual
discordo sobre o assunto "como classificar os graus de uma escala" com link logo
abaixo do texto.
Se, se sabe sobre a disposição dos graus em terças e como se classifica
cada grau, basta arquitetá-las à cada escala, seu Campo Harmônico, assim apreendendo
suas características.
Deixarei um acervo online prontinho para auxiliar na busca de novas possibilidades. Se inscreva no canal. Link aqui abaixo.
Como Classificar Os Graus de Uma Escala?
Ensaio com Prosa: como classificar os graus de uma escala? Uma Introdução.
Parece um mantra dentro das salas de aula de música. “Professor, Mi sustenido não existe” ou “não há Dó bemol”. E ainda outros mantras acerca de primeiras lições: semínima vale um tempo, mínima vale dois e é assim o certo. Lógico que cabe ao bom profissional, a devida intervenção, de acordo com cada situação e objetivos. Posso até entender que isso, numa perspectiva inicial, é comumente reverberado para efeito didático. Mas definitivamente, a aparição de notas para além daquelas que formam Dó Maior existem e estão inerentes às possibilidades oriundas das escalas exóticas. E as noções rítmicas também, tão diversa.
O mais importante que se deve considerar é de evitar maniqueísmos de certo ou errado, findando pensamentos, quanto mais nos primeiros momentos dos estudos, mesmo que na reformulação de uma base mais sólida para o músico. Sempre é bom relativizar, sendo inadequado encerrar como verdade incontestável. Aliás, como exemplo aqui, se tivermos um tom em Fá Sustenido Maior, qual é seu VIIº? Mi Sustenido, claro. E tantos Sambas são pensados em “dois por dois”, com a mínima valendo um tempo. Quem dirá dos compassos compostos.
Esses intervalos são classificados como Meio-tom (ou Semitom), Tom, e ainda, muito vistos nas escalas exóticas e populares Tom e meio e Dois tons. Para você violonista e guitarrista, meio-tom é tocar duas notas diferentes na mesma corda em casas consecutivas. O meio-tom é o menor intervalo que se tem na música ocidental. Daí tocar casas em sequência. O Tom, é a soma de dois semitons. Ou seja, tocar duas notas diferentes na mesma corda, pulando uma casa. E assim, sucessivamente: de meio em meio-tom, vai se ampliando as distancias dos intervalos para Tom e Meio e Dois tons.
A exemplo do Dó Maior, tem-se:
Vemos que essa
escala maior se inicia em Dó. O Ré que é sua segunda nota está a um Tom de
distancia em relação a primeira. A terceira nota, o Mi, está também a um Tom da
segunda. E assim sucessivamente, podemos ver sua classificação intervalar. O
“T” é tom, o “S” é o semitom.
Dado o modo maior, mais diretamente, deve-se olhar para os seus graus (notas). Tem-se a afirmação: todos os graus da escala maior ou são Justos “J” ou Maiores “M”. Simples assim. Veja:
Isso permite
afirmar que, o II, III, VI e VI graus da escala maior são “Maiores” e o I, IV e
V graus, são Justos.
Os exemplos de
classificação a seguir, não são uma projeção teórica de possibilidades, mas
sim, exemplos de intervalos extraídos diretamente das próprias escalas exóticas
(em análise às 70 que serão expostas) que estarão disponíveis em vídeos no canal referido acima.
Aqui se chega
ao ponto onde veremos as possíveis variações. Lembrando que o assunto de
alterações foi cuidadosamente exposto em outro artigo, cujo link se encontra
logo após esse texto. Se a escala maior oferece a base de classificação, Justo
ou Maior, como nos orientamos para classificar notas que estão fora desse
padrão? Veja essa tabela:
Ao centro,
observa-se a notação dos graus da escala Maior. Ainda no campo “M” e “J”, logo
abaixo, tem-se os graus referidos. As alterações que podem ser vistas tanto à
esquerda (bemol e dobrado bemol), quanto direita (sustenido e dobrado sustenido)
podem ocorrer com qualquer nota ou grau sempre de meio em meio tom (exceto Iº
porque não se altera o nome da escala, IIº enquanto tom abaixo e VIIº em
alterações ascendentes, porque se aplicados não se pode coincidir com o próprio
Iº). Vamos usar a III e a V como exemplos.

Ao centro do primeiro quadro, vemos a IIIº como Maior e no exemplo da Vº, do segundo quadro, ela como Justa. Se diminuirmos um meio-tom da Maior, ela se torna menor (“m”). Se o mesmo correr com a Justa, a classificação será Diminuta (“dim”). Se diminuirmos um tom da Maior, ela será Diminuta (“dim”), assim se diminuirmos um tom da Justa, ela será Mais que Diminuta. Viram a diferença? Alterando para cima, nos graus tanto da III°, quanto do Vº, a classificação é idêntica. Meio tom acima será Aumentado e com a amplitude de um tom, Mais que Aumentada.
Mais diretamente, a diferença que ocorre entre graus Justos e Maiores é apenas quando com alterações abaixadas. Se Justo, vira diminuto. Se Maior, vira menor. E sucessivamente, segue o padrão das nomenclaturas: diminuta; mais-que-diminuta. Outro ponto a ser lembrado é que nos graus maiores, pode-se descer até um tom e meio.
Acesse Link do canal:
Canal André Vicentin - YouTube
Veja também:
quinta-feira, 11 de maio de 2023
Ensaio com Prosa: O que é escala? Uma visão subjetiva.
A
escala, é abordada comumente como foco na representatividade teórica, com
regras, intervalos, graus, classificações, modos e ainda, base para arquitetura
harmônica. Parecem inundar, logo nas primeiras abordagens, uma série de
conceitos que, sim, lhe são inerentes, porém complexos. Abordá-las assim parece
pouco atrativo àqueles que iniciam ou aos que buscam se aperfeiçoar. Antes,
aponto aqui a real motivação deste artigo: há considerações importantes a serem
postas e em tom de prosa, convido a reflexão e estímulo a subjetividades.
Cada degrau, na música, é uma nota musical diferente, com sua altura definida na proporção obvia do desenho geométrico. Aliás, "(de)graus" para a escada é o mesmo que “grau” para a escala. Simples assim. Cada grau da escala é uma nota musical definida pela sua precisa altura, assim como os degraus são para a escada. Vê-se isso quando alguém está no primeiro degrau de uma escada e é diferente de se estar no sétimo degrau. A altura muda. Sabe-se que estar no sétimo degrau é estar mais alto em relação aos primeiros degraus.
Ainda
mais se estiver fora dela, em seu início, no “chão”. Esse “chão”, em música, é
a nota que dá referência à escala, nome inclusive. Pode ser qualquer uma das
notas musicais. Essa origem é a fundamental. Assim como o chão precisa ser
fundamentado e alicerçado para suportar uma escada. Estão envolvidos forças,
peso e relações para se fazer essa escada. Ou melhor, cada degrau transfere
para seu alicerce, uma força proporcional à sua altura. E essa força, dentre
suas relações, dependem do “modo” de como foi feita a escada. Por exemplo: se
os patamares forem mais distantes ou em curvas, e ainda, em “lances”, há a
interferência direta na estrutura, na fundamentação, então no seu formato e
modo. Sabemos que existem variadas formas de se fazer uma escada pra se ter o
efeito que se julga desejado. Então cada escada tem seu modo de serem feitas.
O
modo em música é a distância que os graus da escala estão disponíveis na
relação com sua fundamental. Podem ser menores ou maiores, diminutos ou
aumentados. Viram como funciona essa analogia? Todos esses termos são usados
não só na música para classificação dos graus, mas para adjetivar espaços
físicos como o da escada.
Modos Gregorianos: uma introdução (parte 2)
A relação entre harmonia e melodia nos Modos Gregorianos são indissociáveis. Aliás, a noção modal aqui implícita, forçosamente, nos dá ...

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Sejam todos mu ito bem vindos ao blog "Ensaios e Notas" do musicista, professor e compositor André Vicentin. C...
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Se há uma escala heptatônica, haverá certamente um Campo Harmônico. As escalas de 7 notas, por causa de sua estrutura, são asseguradas tal p...
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Há sempre o que tocar. E melhor, rememorar. Musicistas sabem disso. Músicas que se apresentam como ferramentas na busca de entendime...