quinta-feira, 11 de maio de 2023

Ensaio com Prosa: O que é escala? Uma visão subjetiva.



Escala, o que é? Antes de sua aplicação, o que podemos olhar? Antes de tantas implicações teóricas, uma analogia simples parece interessante: à uma escada. Mas atenção, isso parece simplificar o tema! Com o cuidado nessa prosa, a proposta é flexionar uma narrativa que possa auxiliar numa compreensão espontânea.


O fato é que, antes da abordagem teórica de uma escala, é muito especial sua apreciação sonora. Não fazer é perder o sabor da fruição, tão característico da música.

A escala, é abordada comumente como foco na representatividade teórica, com regras, intervalos, graus, classificações, modos e ainda, base para arquitetura harmônica. Parecem inundar, logo nas primeiras abordagens, uma série de conceitos que, sim, lhe são inerentes, porém complexos. Abordá-las assim parece pouco atrativo àqueles que iniciam ou aos que buscam se aperfeiçoar. Antes, aponto aqui a real motivação deste artigo: há considerações importantes a serem postas e em tom de prosa, convido a reflexão e estímulo a subjetividades.


Uma analogia bastante eficaz para se imaginar uma escala, é uma "escada". Sim, com aquela representação na forma geométrica em patamares, que por obviedade, cada degrau representa a altura sequencialmente imediata ao seu próximo, tanto para cima, quanto para baixo. Uma vez feito o degrau, não há como mudar sua altura.

Cada degrau, na música, é uma nota musical diferente, com sua altura definida na proporção obvia do desenho geométrico. Aliás, "(de)graus" para a escada é o mesmo que “grau” para a escala. Simples assim. Cada grau da escala é uma nota musical definida pela sua precisa altura, assim como os degraus são para a escada. Vê-se isso quando alguém está no primeiro degrau de uma escada e é diferente de se estar no sétimo degrau. A altura muda. Sabe-se que estar no sétimo degrau é estar mais alto em relação aos primeiros degraus.


Ainda mais se estiver fora dela, em seu início, no “chão”. Esse “chão”, em música, é a nota que dá referência à escala, nome inclusive. Pode ser qualquer uma das notas musicais. Essa origem é a fundamental. Assim como o chão precisa ser fundamentado e alicerçado para suportar uma escada. Estão envolvidos forças, peso e relações para se fazer essa escada. Ou melhor, cada degrau transfere para seu alicerce, uma força proporcional à sua altura. E essa força, dentre suas relações, dependem do “modo” de como foi feita a escada. Por exemplo: se os patamares forem mais distantes ou em curvas, e ainda, em “lances”, há a interferência direta na estrutura, na fundamentação, então no seu formato e modo. Sabemos que existem variadas formas de se fazer uma escada pra se ter o efeito que se julga desejado. Então cada escada tem seu modo de serem feitas.

O modo em música é a distância que os graus da escala estão disponíveis na relação com sua fundamental. Podem ser menores ou maiores, diminutos ou aumentados. Viram como funciona essa analogia? Todos esses termos são usados não só na música para classificação dos graus, mas para adjetivar espaços físicos como o da escada.


Existem muitas escalas, portanto muitos modos diferentes. Sempre a partir de sua fundamental, os graus se organizam de forma a caracterizar específicos tipos de relações. Essas relações exprimem contextos culturais. Por isso é importante apreciá-las! Escalas de quatro, cinco, seis sete, oito ou mais notas. Escalas exóticas e escalas tidas populares. O que parece saudável é admitirmos que cada forma e modo escalar tende a ser uma expressão cultural. Ora, os arquitetos não informam tendencias culturais em seus desenhos de escadas? As escalas com seus diferentes modos, podem revelar muito da sua origem. Relações, energia, força e sentido. Pois então que se referencie, reconheça, estude e execute, estando na fruição e subjetividade, inteligibilidade para tal.

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